Me joguei de cabeça sem me preocupar que meu corpo precisava entender esse processo. Não dei tempo para ele se preparar. Não tinha um dia de descanso, treinava de segunda a segunda.
Meus treinos eram sem acompanhamento profissional porque não me preocupava com isso, achava que não era importante.Em 2022, me inscrevi para fazer a prova de 10 km da Maratona do Rio. Comecei a treinar mais porque queria completar a corrida em uma hora, mas não tinha esse preparo todo. Corria 5 quilômetros dia sim, dia não, e fazia um longão (treino de maior distância ou duração da semana) todo fim de semana. Tudo sem acompanhamento.
Tomava um ibuprofeno todos os dias de manhã, e de seis em seis horas, porque já acordava sentindo dor para fazer coisas do dia a dia, como subir escada e ir para a faculdade, mas acreditava que a dor era pouca. Alguns amigos falavam que não valia a pena parar.
Perto da prova, a dor ficou ainda mais forte e o remédio só amenizava —não parava mais. No dia, acordei e tomei meu ibuprofeno. Fui para a corrida animada, feliz e com uma dor que eu já tinha normalizado. Mas, no meio da prova, ela ficou muito forte.Corredor tem o hábito de se incentivar, então não deixamos ninguém desistir no meio de prova. Meu amigo, que hoje é meu namorado, falava: 'vamos, não desiste, você vai conseguir', mas não estava mais dando conta.No quilômetro 8, me sentei e um grupo de senhoras passou e falou: 'uma menina jovem, vamos terminar, falta pouco'.Acredito que tudo isso pesou para a minha fratura. A gente sempre pensa: 'vou parar por uma dorzinha?'. Estava tão bem com tudo o que estava conquistando no esporte e nas mudanças no corpo que não queria parar.
Hoje, faço musculação e corrida, mas não exagero. Já tinha uma lesão nos dois joelhos porque sofri um acidente de carro quando criança, e a orientação é não correr longas distâncias.
Outra coisa muito importante é que hoje tenho acompanhamento profissional.A corrida continua sendo uma grande paixão: amo correr, mas agora faço isso com menos frequência e dentro do meu limite. Se sinto uma dor mínima, dou um descanso. E não me culpo por precisar descansar, porque não adianta acelerar.
É um processo inflamatório na região da canela. Segundo o ortopedista Claúdio Guerra, que acompanha Thaina, o paciente apresenta dor persistente. Se não tratada, pode evoluir para uma fratura no osso.
Pode acontecer por diversos motivos. Em geral, por sobrecarga de exercícios de impacto, predisposição genética que define a curvatura da tíbia ou por alterações da pisada.
Diagnóstico é feito por meio de exame físico, associado às informações da história do paciente. Os exames de imagem, como radiografia e ressonância magnética, complementam a avaliação.
Tratamento envolve um conjunto de medidas, como proteger a região machucada, interrompendo atividades físicas; identificar outras causas para a lesão, como sobrepeso ou alteração da pisada; avaliar palmilhas corretivas e mudar hábitos esportivos.
No caso da Thaina, a lesão ocorreu nas duas pernas simultaneamente. Um dos lados estava mais machucado do que o outro. A canelite bilateral simultânea não é muito frequente. Normalmente, o paciente apresenta a queixa em um lado.
Claúdio Guerra, ortopedista especialista em cirurgia do joelho e medicina do esporte
Thaina teve uma fratura por estresse, segundo o especialista, e foi necessário repouso para a cicatrização do osso.
Prevenção consiste em escolher modalidade esportiva mais adequada, além de investir na preparação física: alongamento, fortalecimento muscular, treinos de mobilidade.
Nem todo esporte é a melhor opção para determinada pessoa. Deve-se levar em consideração o biotipo, peso, objetivos, histórico esportivo, doenças associadas, entre outros.
Cláudio Guerra, ortopedista especialista em cirurgia do joelho e medicina do esporte
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